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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (20) que cerca de 1,6 milhão de jovens ainda se encontram na condição de trabalho infantil.
Os dados revelam que esse é o menor índice desde o início da série histórica, em 2016, que começou com 5,2%. O recorde anterior de 4,5% foi alcançado em 2019.
Importante notar que a coleta dessas estatísticas foi interrompida em 2020 e 2021 devido à pandemia, o que torna a comparação ainda mais relevante.
Desigualdade e perigos no trabalho infantil
Apesar da queda geral, a situação ainda é preocupante. Crianças e adolescentes negros compõem 65,2% da população em trabalho infantil, enquanto representam 59,3% do total na faixa etária. Já entre os brancos, a proporção é inversa: 39,9% do grupo etário, mas apenas 33,8% dos trabalhadores infantis.
Além disso, jovens do sexo masculino são desproporcionalmente afetados, correspondendo a 63,8% dos trabalhadores nessa condição.
A carga horária também é alarmante, com uma em cada cinco crianças e adolescentes trabalhando 40 horas ou mais por semana. O impacto na educação é evidente: enquanto 97,5% dos jovens de 5 a 17 anos eram estudantes, essa taxa cai para 88,4% entre os que estão em situação de trabalho infantil.
Analisando os dados por região, todas apresentaram queda no número de trabalhadores infantis desde 2016, exceto o Centro-Oeste. O Nordeste e o Sul destacaram-se pela redução mais acentuada, com cerca de 33% a menos em relação ao ano inicial da série.
O Norte lidera em proporção, com 6,9% de jovens nessa condição, enquanto o Sudeste apresenta os melhores números, com apenas 3,3%. O Nordeste abriga o maior número absoluto, com 506 mil jovens.
O relatório também destaca uma redução significativa no contingente de trabalhadores infantis em atividades perigosas, que atingiu 586 mil jovens, a menor marca da série. Isso representa uma queda de 22,5% em comparação com 2022, quando eram 756 mil. Em 2016, o número era ainda maior, com 926 mil crianças e adolescentes em situações de alto risco.
O IBGE aponta que o aumento da renda familiar e o aquecimento do mercado de trabalho podem ter contribuído para essa melhoria nos indicadores de trabalho infantil. Apesar dos avanços, é crucial que o país continue a implementar políticas eficazes para erradicar completamente o trabalho infantil e garantir um futuro melhor para todas as crianças.