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A possível vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos está gerando preocupações no governo brasileiro.
Integrantes da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva temem o impacto negativo que um segundo mandato do ex-presidente americano pode ter sobre as relações bilaterais, especialmente nas áreas de meio ambiente e política externa.
A avaliação é de que uma eventual vitória de Trump poderia resultar em um “potencial de conflito ampliado” entre os dois países.
Apoio a Kamala Harris e críticas a Trump
Em meio a esse cenário, o presidente Lula tem se posicionado de forma clara, declarando publicamente seu apoio à Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos e candidata do Partido Democrata. Lula criticou Trump, associando-o a uma “reaparição do nazismo e fascismo com outra face”, destacando que, como um “amante da democracia”, torce pela vitória da candidata democrata.
“Como sou amante da democracia, acho a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar o nosso país, obviamente estou torcendo para Kamala ganhar as eleições”, afirmou Lula em declarações recentes. O apoio de Lula a Harris reflete uma continuidade das políticas de Joe Biden, com foco em valores democráticos e na preservação ambiental.
Para a diplomacia brasileira, um dos maiores receios em relação ao retorno de Trump ao poder envolve a possível interrupção da colaboração ambiental entre os dois países. Durante seu primeiro mandato, Trump tomou medidas que enfraqueceram as políticas ambientais globais, incluindo a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e um apoio explícito à indústria de combustíveis fósseis, setor que atualmente financia sua campanha eleitoral.
O Brasil teme que, em um eventual novo governo de Trump, os fundos ambientais destinados à proteção da Amazônia, como o Fundo Amazônia, permaneçam bloqueados, especialmente se o Congresso dos Estados Unidos seguir sob controle republicano. A falta de apoio financeiro a essas iniciativas poderia prejudicar os esforços do país na preservação ambiental.
A proximidade com Elon Musk e possíveis consequências
Outro fator que tem gerado apreensão na diplomacia brasileira é a estreita relação entre Trump e Elon Musk, CEO da X (antigo Twitter) e um dos principais aliados políticos do ex-presidente.
Recentemente, Musk entrou em conflito com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o que pode complicar ainda mais as relações entre os dois países.
A aliança de Trump com Musk poderia trazer novos desafios para o Brasil, considerando a influência do empresário no cenário político global e sua proximidade com o ex-presidente.
Apesar das preocupações com uma possível volta de Trump à Casa Branca, o governo brasileiro adota uma postura pragmática e segue mantendo um canal de diálogo aberto com ambos os lados da eleição americana.
O governo de Lula reafirma a importância de se manter alinhado com os valores democráticos e de proteção ambiental, mas também reconhece a necessidade de um relacionamento construtivo com os Estados Unidos, independentemente do vencedor.