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O jornal norte-americano The New York Times publicou uma reportagem que questiona as atitudes de Dias Toffoli e do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à Operação Lava Jato, apontando que a corte está “silenciosamente” enfraquecendo uma das maiores ações anticorrupção dos últimos tempos.
O texto, assinado pelos jornalistas Jack Nicas e Ana Ionova, denuncia que o STF está rejeitando evidências importantes e anulando condenações que, segundo a reportagem, foram fundamentais para desmantelar um esquema de corrupção de proporções continentais.
The New York Times critica anulações de condenações e papel de Dias Toffoli
A matéria foca em decisões do ministro do STF, Dias Toffoli, que foi responsável por anular condenações de figuras centrais da Lava Jato, como Marcelo Odebrecht, Léo Pinheiro e Raul Schmidt. De acordo com Toffoli, os magistrados e procuradores envolvidos na operação teriam violado o devido processo legal, já que algumas provas foram obtidas de maneira ilegal, o que, na interpretação do ministro, comprometeria a validade das condenações.
Toffoli tem sido central nesse movimento, argumentando que provas obtidas de forma ilegal não podem ser utilizadas como base para sentenças. Entre suas decisões mais notáveis, está a anulação de multas pesadas aplicadas a empresas como Odebrecht e JBS, impactando 115 condenações no Brasil. A decisão também teve repercussões internacionais, afetando investigações em outros países da América Latina, como Peru, Argentina e Panamá.
A Lava Jato e os envolvidos
A Operação Lava Jato foi um marco na luta contra a corrupção no Brasil, revelando um esquema bilionário de suborno entre grandes empresas e políticos de diversos partidos, com destaque para a empreiteira Odebrecht.
Executivos dessa empresa, como Marcelo Odebrecht, que foi preso em 2015, pagaram propinas a políticos e funcionários públicos para garantir contratos lucrativos em obras públicas. Empresas como a JBS e a Petrobras também estavam envolvidas no esquema, que levou à prisão de diversos empresários e políticos, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula foi preso em 2018 e ficou detido até 2019, sendo posteriormente solto. No entanto, em 2021, o STF anulou a sua condenação ao considerar que o então juiz Sérgio Moro agiu de maneira parcial.
O ex-presidente, seu partido e muitos aliados políticos foram alvos principais da Lava Jato, e o envolvimento de Toffoli nesse contexto é destacado pelo New York Times, que relembra sua estreita ligação com o PT antes de sua nomeação ao STF.
A reportagem do New York Times levanta questões sobre o futuro da operação e o papel do STF na preservação da integridade das investigações anticorrupção no Brasil e além. O enfraquecimento da Lava Jato é uma realidade para muitos críticos, que veem no movimento do STF uma tentativa de reverter conquistas importantes na luta contra a corrupção no país.